Processo Criativo II: como ser um grande criativo?

Este post é o 2º de uma série sobre o Processo Criativo. O 1º você pode ler aqui e o 3ª aqui.

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Imagine um quebra cabeça que forme a imagem de Albert Einstein, um dos maiores gênios criativos que a humanidade já conheceu. (Pode imaginar o seu redator favorito também que funciona!)

Esse quebra cabeça é a criatividade.

Cada peça dele representa um aspecto da personalidade do cientista que o levou a ser tão criativo e inovador. Tais características não são exclusivas do Einstein, elas podem ser encontradas em diversas pessoas criativas ao redor do mundo (inclusive em você).

Charles Watson, educador e pesquisador de processos criativos há mais de 25 anos, já entrevistou milhares de pessoas consideradas criativas em suas respectivas áreas, e encontrou muitos pontos em comum na atitude delas.

Em seu workshop O Processo Criativo (que eu fiz e recomendo muito você fazer), ele apresenta estes pontos e exemplifica cada um deles através do processo criativo de diversas personalidades como Pablo Picasso, Patti Smith, Debora Colker e por aí vai.

As peças deste quebra-cabeça, que formam uma pessoa verdadeiramente criativa, são:

1) Paixão/Motivação
2) Prática deliberada (a regra de 10)
3) Limite
4) Conhecimento inútil
5) Autotelismo
6) Mistério e espanto
7) Coragem

Nós vamos falar mais sobre cada um destes pontos que, na verdade, também servem como 7 dicas para você ser mais criativo. Vem comigo!

 

7 características de um grande criativo

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1) Paixão/Motivação

Se você não ama o que você faz, vai ser muito difícil você ser o melhor. Por que? Pois só uma pessoa verdadeiramente apaixonada pelo seu trabalho vai ser capaz de virar um final de semana tendo ideias, vai esquecer a hora pois ficou vidrado em um job legal que entrou na agência.

Amar o que você faz é a maior motivação que você vai ter na vida. É o que vai fazer você treinar mais e ir cada vez mais longe. O que me leva para o próximo tópico.

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2) Prática deliberada

Muito além do que almejar um leão em Cannes, um publicitário criativo deve domar um leão por dia.

O individuo verdadeiramente criativo vai ralar muito para ter uma grande ideia. Afinal, como falamos aqui, a criatividade não tem nada a ver com intervenção divina, mas com trabalho árduo. É com trabalhando e treino que você vai estar cada vez mais próximo de ser o melhor.

Um fato que comprova isso é a regra de 10. Segundo a regra, alguém precisa praticar 10mil horas ou 10 anos para transformar uma ação em um conhecimento tácito. Ou seja, você precisa treinar 10.000h para que aquela ação se encaminhe para uma parte do cérebro onde tudo acontece de maneira automática.

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Eu levei de alguns segundos para desenhar isso, mas eu precisei de 34 anos de prática para ser capaz de desenhar em alguns segundos.

É o que acontece, por exemplo, ao dirigir um carro. No começo você precisa se concentrar para passar marcha, acelerar e realizar a ação. Com o tempo você sequer lembra o que fez para ir da sua casa para o trabalho. Isso é um conhecimento tácito.

O que este tipo de conhecimento faz pela criatividade? Bom, ele faz de você um expert no que você faz. E se você estiver treinando diariamente – por exemplo, o processo criativo ou o processo de escrever bons títulos em prazos apertados – com o tempo tudo vai ficando cada vez mais fácil e ser criativo vai se tornar algo automático.

Portanto, não se desespere se todos os títulos que você pensa alguém já escreveu em algum lugar ou se o seu diretor de criação mandar você pensar mais, isso tudo faz parte do começo de carreira. Siga em frente trabalhando.

"Eu não conto minhas flexões, eu começo a contar quando começa a doer, pois são essas que realmente contam."

“Eu não conto minhas flexões, eu começo a contar quando começa a doer, pois são essas que realmente contam.”

Mais uma coisa: lembre-se de treinar duas vezes mais as suas fraquezas. Escolha um leão por dia e dome-o. É isso que separa os meninos dos homens.

É só atravessando um grande volume de trabalho que você vai fechar a brecha e seu trabalho será tão bom quanto suas ambições. Vai demorar um tempo, é normal. Você só precisa continuar lutando.
(Esqueci quem disse isso)

 

3) Limite

As especificações do cliente no job, o limite de verba do cliente e o deadline, não são tão ruins quanto você imagina. Na verdade, todos os milhares de criativos entrevistados por Charles Watson afirmam com clareza: limite no processo criativo é muito importante.

Por que? Pois quando você começa um processo criativo onde tudo pode, você aumenta suas chances de chegar a lugar nenhum. Experimente fazer um brainstorm livre para um cliente com a sua dupla. Vai ser extremamente difícil ter ideias!

Na hora do processo criativo é preciso ter foco. É preciso saber exatamente qual é a pergunta que você vai responder (no nosso caso, qual é o problema). Sem uma pergunta bem definida, você nunca vai chegar a uma resposta.

Dá play e vê, no minuto 3:44, como o limite é realmente importante:

 

4) Conhecimento inútil

Outro aspecto muito importante para uma pessoa criativa é a sua capacidade de acumular informação inútil. Por que? Pois este tipo de informação pode até não encontrar uma utilidade naquele momento, mas ela pode ser útil no futuro.

Em outras palavras, informação inútil é uma resposta para um problema que ainda não foi formulado. É o insight que vem de repente como uma solução óbvia, que você já tinha com você, mas que só fez sentido naquele exato momento.

Portanto, seja um eterno curioso diante do mundo. Alimente seus hobbies, se interesse por assuntos que não tem nenhum relação com sua carreira, desbrave conteúdos que ninguém mais desbravaria. Tudo isso esconde respostas para os jobs que ainda vão aparecer para você.

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5) Autotelismo/sucesso

Autotelismo é aquilo que encontra finalidade em si mesmo. Falei difícil, né? Calma que vou explicar.

Charles Watson percebeu que os grandes criativos que ele entrevistou nunca estão em busca de uma finalidade, de chegar em algum lugar, de conquistar um prêmio. Eles encontram sentido exatamente no que eles fazem e não no resultado daquilo. Para eles, o próprio processo criativo é a finalidade.

É o caso do surfista, por exemplo. Ele está no mar para pegar uma onda e não para chegar até a praia. O tesão dele está em surfar e não em alcançar a areia.

Isto também tem muito a ver com o item 1, paixão e motivação. Quando você ama verdadeiramente o que você faz, pouco importa o sucesso ou o prêmio que você vai alcançar. O simples ato de estar ali, presente no que você está fazendo, totalmente submerso no processo criativo, é o suficiente.

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O único objetivo está no processo. O processo é a coisa… com alguns flashes de luz aqui e ali. Esses são os shows, os prêmios. Mas é a vida que acontece entre essas coisas – é tudo o que tenho.

Portanto, pare de trabalhar para ganhar um leão. Redescubra o prazer de estar no presente, imerso naquele momento quando as palavras fluem naturalmente e você se fascina, de repente, com um grande título.

 

6) Mistério e espanto

Outra característica comum de grandes criativos é a necessidade que eles têm de estar em constante estado de frio na barriga, de estar sempre espantados diante de alguma ideia ou processo. Essa vontade de fugir do lugar seguro é o que coloca o criativo em movimento e o leva à verdadeira inovação.

Por exemplo, se você tem uma ideia e se sente nervoso para realiza-la, não sabe bem se vai dar certo, então você realmente tem algo inovador e criativo em mãos. Ideias previsíveis não dão frio na barriga. Portanto, desconfie de todas as ideias que você tem certeza que vai dar certo, que te deixa seguro e confortável. Elas provavelmente não são inovadoras.

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O trabalho do artista [criativo] é sempre mergulhar no mistério.

Mas para ter os colhões de seguir adiante com uma ideia que te amedronta, você precisa de uma outra peça muito importante: coragem. E coragem nada mais é do que a administração do medo. Dome seu medo e você vai ter mais chances de ser criativo.

Eu tinha medo de que escrever se tornasse um hábito, não uma surpresa.
Clarice Lispector

 

7) Coragem

Coragem é a habilidade de administrar o medo. E o medo é algo que caminha lado a lado da inovação e da criatividade.

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Para viver uma vida criativa, nós precisamos perder o medo de estar errado.

Trilhar caminhos inovadores significa não ter a certeza de que vai dar certo. Já falamos no tópico anterior: se você tem certeza que dará certo, então muito provavelmente você está em um caminho previsível, longe da verdadeira criatividade.

Portanto, não ter medo de errar é essencial para você ser um grande criativo. Erre muito e erre rápido. É assim que você vai aumentar as suas chances de acertar.

Crescemos mais com o erro, do que com o acerto.
Nada fracassa igual ao sucesso.
Charles Watson

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Eu não falhei. Eu apenas encontrei 10.000 jeitos que não funcionam.

 

Ser Criativo só depende de você e mais ninguém

Se você enxerga estes 7 itens (ou uma combinação deles) em sua vida, isso significa que você tem muito em comum com grandes gênios criativos como Steve Jobs, Pablo Picasso ou nosso Mohallão. Portanto, siga em frente que você tá no caminho.

Mas se você não viu muita coisa desta lista em você, MUDE ISSO. Não fique pensando no criativo que você vai ser no futuro de braços cruzados no seu trabalho. Comece a ser o criativo que você quer ser HOJE.

O que você quer ser no futuro é o você que você está sendo agora.
Charles Watson

Comece ralando muito, amando o que você faz, abraçando o erro e treinando um pouquinho mais. Trabalhe focado em ser o melhor que você pode ser hoje, e não no que você pode alcançar amanhã. Com o tempo você vai perceber que a sorte nada mais é do que trabalho árduo.

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E vale lembrar: você não tem nada de diferente do redator que você mais admira. O que separa ele de você é apenas treino, dedicação e experiência. E isso está totalmente ao seu alcance.

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Para complementar tudo isso que eu contei aqui, dá play nesta entrevista do Charles Watson e continua de olho aqui no blog. Semana que vem rola o último post desta série sobre Processo Criativo. O conteúdo será todo focado no processo dentro da publicidade, cheio de depoimentos de gente da área.

fabi soares autora so titulos

2 thoughts on “Processo Criativo II: como ser um grande criativo?

  1. Pingback: Processo Criativo III: a criação publicitária - Só Títulos

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